Vigilância Ambiental da Malária
A Vigilância ambiental da malária está baseada na detecção de plasmódios em Primatas Não Humanos e vigilância entomológica de mosquitos vetores.
Reservatórios
A malária afeta principalmente seres humanos, porém os plasmódios também podem infectar Primatas Não Humanos, como bugios e macaco-prego. A infecção e/ou doença em PNH, quando na presença de espécies silvestres de vetores, permite a continuidade transmissão em ciclos enzoóticos. Acidentalmente o homem participa do ciclo, ao entrar em locais onde há presença de vetores silvestres contaminados.
Vetores
Os culicídeos da subfamília Anophelinae são dípteros nematóceros conhecidos popularmente como “mosquito-prego”, “carapanã”, “muriçoca”, “sovela”, “bicuda”e “mosquito-agulha”, devido à posição - quase em ângulo reto com o substrato - que os adultos assumem quando em repouso.
Estão incluídos nesta subfamília os gêneros Anopheles Meigen, com distribuição em todo o mundo; Bironella Theobald, presente apenas na Região Australiana e Chagasia Cruz, restrito à Região Neotropical.
O gênero Anopheles engloba as principais espécies vetoras dos plasmódios causadores da malária humana e símia. Este gênero compreende, aproximadamente, 480 espécies das quais cerca de 70 ocorrem no Brasil e 11 delas têm importância epidemiológica na transmissão da doença: An. (Nyssorhynchus) darlingi Root, 1926; An. (Nys.) aquasalis Curry, 1932; espécies do complexo An. (Nys.) albitarsis s. l.; An. (Nys.) marajoara Galvão & Damasceno, 1942; An. (Nys.) janconnae Wilkerson & Sallum, 2009; An. (Nys.) albitarsis s.s. Rosa-Freitas & Deane, 1989; An. (Nys.) deaneorum Rosa-Freitas, 1989; espécies do complexo An. (Nys.) oswaldoi; An. (Kerteszia) cruzii Dyar & Knab, 1908; An. (Ker.) bellator Dyar & Knab, 1906 e An. (Ker.) homunculus Komp, 1937.
Embora An. darlingi seja o principal vetor de malária no Brasil, encontrado em altas densidades e com ampla distribuição no território nacional, essa espécie ainda não foi registrada no sertão nordestino, no Rio Grande do Sul e nas áreas com altitude acima de 1.000 metros.
Nas regiões de Mata Atlântica, os anofelinos do subgênero Kerteszia podem ser responsáveis por surtos ocasionais de malária. Essas espécies têm, como criadouros, plantas que acumulam água (fitotelmatas), como as bromélias, muito comuns nessa região. Os hábitos das espécies de anofelinos podem variar muito em regiões diferentes e ao longo do ano. Assim, estudos para verificar o horário de atividade e comportamento dos anofelinos servem como linha de base para monitorar possíveis mudanças comportamentais ao longo dos anos. O reconhecimento da área de trabalho com a composição e caracterização das espécies ocorrentes deve servir de subsídio para definição de áreas receptivas (áreas onde a presença, densidade e longevidade do vetor tornam possível a transmissão autóctone) e para a tomada de decisões para as ações de controle vetorial, bem como a avaliação dessas atividades.
Vigilância entomológica
A vigilância entomológica para malária é um dos componentes dentro do programa de controle de malária que apoia diretamente o componente de controle vetorial. Para tanto, devem-se buscar informações regulares referentes à biologia e comportamento do vetor, capazes de direcionar as estratégias de controle vetorial disponíveis, com vista a aumentar sua efetividade. Nas regiões extra-amazônicas como é o caso do RS, o objetivo da avaliação entomológica está relacionado ao conhecimento do status de receptividade dessa área, por meio da identificação das espécies comprovadamente competentes como vetoras de Plasmodium predominantes e sua densidade. O objetivo principal é colaborar no esclarecimento da autoctonia dos casos onde o local provável de infecção não está definido.