Tabagismo
O tabagismo é considerado uma doença crônica e epidêmica, sendo a maior causa isolada evitável de doenças e mortes precoces no mundo todo. A nicotina, droga psicoativa presente nos derivados do tabaco e que causa a dependência, fez com que a Organização Mundial de Saúde (OMS) incluísse o tabagismo como uma doença que se encaixa dentro do grupo dos transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de substâncias psicoativas na Décima Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10).
Ao ser inalada, a Nicotina produz alterações no Sistema Nervoso Central. Ela atinge o cérebro, entre 7 a 19 segundos, libera várias substâncias (neurotransmissores) que são responsáveis por estimular a sensação de prazer. Essas sensações causadas pelo ato de fumar, modificam o estado emocional e comportamental dos indivíduos, da mesma forma como ocorre com a cocaína, heroína e álcool. Com a inalação contínua da nicotina, o cérebro se adapta e passa a precisar de doses cada vez maiores para manter o mesmo nível de satisfação que tinha no início. Muitos são os fatores que podem levar a pessoa a experimentar drogas, já que é histórica a tendência humana de buscar formas de alterar sua consciência de modo a produzir prazer e modificar seu humor. De maneira geral a possibilidade do encontro com a droga se dá na adolescência, fase caracterizada por muitas transformações físicas e emocionais, angústias e busca de respostas. A indústria do tabaco tenta de diversas formas estimular a experimentação na adolescência, principalmente.
Devido a grande quantidade de substâncias tóxicas – em torno de 4.720 – as quais os fumantes ficam expostos cronicamente, muitas doenças podem se desenvolver como: vários tipos de câncer (pulmão, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo de útero, leucemia), doenças do aparelho respiratório (enfisema pulmonar, bronquite crônica, asma, infecções respiratórias) e doenças cardiovasculares (angina, infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial, aneurismas, acidente vascular cerebral, tromboses).
O tabagismo também pode trazer problemas de saúde às pessoas não fumantes mas que convivem em ambientes fechados com fumantes. Os chamados “fumantes passivos” são aqueles que inalam a fumaça de derivados do tabaco, tais como cigarro, charuto, cigarrilhas, cachimbo, narguilé e outros produtores de fumaça. Estima-se que o tabagismo passivo seja a 3ª causa de morte evitável no mundo, subsequente ao tabagismo ativo e ao consumo excessivo de álcool. Crianças, filhos de pais fumantes apresentam risco aumentado de infecções respiratórias, do ouvido médio, asma brônquica, síndrome de morte súbita infantil e doença cardiovascular na idade adulta. Além disso, em gestantes a exposição a fumaça pode acarretar em parto prematuro, recém-nascidos com baixo peso e aborto, entre outros problemas. Não há níveis seguros para exposição ao tabagismo passivo.
A OMS reconhece que saúde é um dos direitos fundamentais de todo o ser humano e ações intersetoriais são necessárias para controlar efetivamente essa epidemia tabagística que se expande a cada ano. O tabagismo é um problema de saúde pública globalizado, que transcende as fronteiras dos países e cujas medidas de controle dependem de uma ampla cooperação internacional e da participação integrada de todos os países.