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Coqueluche

Publicação:

A coqueluche é uma doença infecciosa transmissível aguda que compromete predominantemente o aparelho respiratório, caracterizando-se por típicos acessos paroxísticos de tosse. A transmissibilidade ocorre, principalmente, pelo contato direto entre a pessoa doente e a pessoa suscetível, por meio de gotículas de secreção da orofaringe eliminadas durante a fala, a tosse e o espirro. O período de incubação é de, em média, de 5 a 10 dias, podendo variar de 4 a 21 e, raramente, até 42 dias. A suscetibilidade à doença é geral. A imunidade é duradoura ao adquirir a doença, mas não é permanente.

A coqueluche é uma doença de notificação compulsória em todo o território nacional. A notificação deve ser registrada no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), por meio do preenchimento da ficha de investigação da coqueluche. Além disso,  é recomendada investigação laboratorial em todos os casos atendidos nos serviços de saúde.

Caso suspeito de Coqueluche

1 - Indivíduo com menos de 6 meses de idade

Todo indivíduo, independentemente do estado vacinal, que apresente tosse de qualquer tipo há 10 dias ou mais associada a um ou mais dos seguintes sintomas:

  • Tosse paroxística – tosse súbita incontrolável, com tossidas rápidas e curtas (cinco a dez), em uma única expiração; guincho inspiratório; vômitos pós-tosse; cianose; apneia ou engasgo.

 2 - Indivíduo com idade igual ou superior a 6 meses

Todo indivíduo que, independentemente do estado vacinal, apresente tosse de qualquer tipo há 14 dias ou mais associada a um ou mais dos seguintes sintomas:

  • Tosse paroxística – tosse súbita incontrolável, com tossidas rápidas e curtas (cinco a dez), em uma única expiração; guincho inspiratório ou vômitos pós-tosse.

Situação epidemiológica

Nota Informativa nº 30 DVE/CEVS/SES-RS - DEZ 2023. - Assunto:Assunto: CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO DA COQUELUCHE- RS Atualizada em:11/12/2023.

Prevenção e controle

A principal medida de prevenção contra coqueluche é a vacinação. O Calendário Básico preconizada pelo Ministério da Saúde é de 3 doses com a vacina pentavalente (DTP + Hib + Hepatite B), um reforço aos 15 meses de idade, e um segundo reforço aos 4 anos de idade com a tríplice bacteriana (DTP), que pode ser aplicada até 7 anos de idade (6 anos, 11 meses e 29 dias). A imunidade pela vacina não é permanente, durando em média 5 a 10 anos e após este período a proteção pode ser pouca ou inexistente. Outra estratégia utilizada na prevenção da coqueluche é vacinar todas as gestantes com a vacina tríplice bacteriana acelular tipo adulto (dTpa). Essa vacina deve ser administrada a cada gestação, a partir da 20ª semana até, preferencialmente, 20 dias antes da data provável do parto. Também é indicada para profissionais de saúde que atuam em maternidades e em unidades de internação neonatal (UTI/UCI convencional e UCI Canguru) que atendem recém-nascidos e crianças menores de 1 ano.

Os caso suspeitos de coqueluche devem ser notificados e investigados e ainda se deve proceder a busca ativa por outros casos, através da investigação de  contatos a ser realizada em residência, creche, escola e em outros locais que possibilitaram o contato íntimo com o caso. Verificar a situação vacinal dos contatos e, se necessário, atualizar o esquema vacinal dos menores de 7 anos com a pentavalente ou a vacina DTP. Algumas situações possuem a indicação de quimioprofilaxia, especialmente se há grupos vulneráveis envolvidos. A quimioprofilaxia é indicada conforme 

Guia de Vigilância em Saúde 6ª Edição - volume 1

Guia de Vigilância em Saúde 6ª Edição - volume 2

Guia de Vigilância em Saúde 6ª Edição - volume 3

Tossidores identificados no grupo dos comunicantes vulneráveis devem ser considerados casos suspeitos de coqueluche. Portanto, devem ser notificados e tratados, independentemente do resultado laboratorial. Além disso, deve-se coletar material de nasofaringe para cultura ou PCR, preferencialmente, antes do início da antibioticoterapia.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é realizado mediante o isolamento da B. pertussis pela cultura de material colhido de nasofaringe, com técnica adequada ou pela técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) em tempo real. A coleta do espécime clínico deve ser realizada antes da antibioticoterapia ou, no máximo, até 3 dias após seu início. A cultura é considerada como o padrão ouro no diagnóstico da coqueluche. É altamente específica (100%), mas a sensibilidade varia entre 12 e 60%, dependendo de fatores como: antibioticoterapia prévia, duração dos sintomas, idade e estado vacinal, coleta de espécime, condições de transporte do material, tipo e qualidade do meio de isolamento e transporte, presença de outras bactérias na nasofaringe, tipo de swab, tempo decorrido desde a coleta, transporte e processamento da amostra.

Para auxiliar na confirmação ou descarte dos casos suspeitos, pode ser realizado leucograma, que auxilia no diagnóstico da coqueluche, geralmente, em crianças e pessoas não vacinadas. No período catarral, pode ocorrer uma linfocitose relativa e absoluta, geralmente acima de 10 mil linfócitos/mm3. Os leucócitos totais no final dessa fase atingem um valor, em geral, superior a 20 mil leucócitos/mm3. A presença da leucocitose e linfocitose confere forte suspeita clínica de coqueluche, mas sua ausência não exclui o diagnóstico da doença, por isso é necessário levar em consideração o quadro clínico e os antecedentes vacinais. Em lactentes e pacientes vacinados e/ou com quadro clínico atípico, pode não se observar linfocitose.

O raio x de tórax é recomendado em menores de 4 anos de idade, para auxiliar no diagnóstico diferencial e/ou na presença de complicações. É característica a imagem de “coração borrado” ou “franjado”, porque as bordas da imagem cardíaca não são nítidas, em decorrência dos infiltrados pulmonares.

O tratamento e a quimioprofilaxia da coqueluche, até 2005, se apoiavam preferencialmente no uso da eritromicina. Contudo, devido a limitações no seu uso (tempo de administração e efeitos colaterais) atualmente a primeira opção para o tratamento são a azitromicina e a claritromicina, macrolídeos mais recentes, que têm a mesma eficácia da eritromicina no tratamento e na quimioprofilaxia da coqueluche.

A azitromicina deve ser administrada uma vez ao dia durante 5 dias e a claritromicina, de 12 em 12 horas durante 7 dias. Os novos esquemas terapêuticos facilitam a adesão dos pacientes ao tratamento e, especialmente, à quimioprofilaxia dos contatos íntimos. A azitromicina pode ser usada no tratamento das crianças com menos de 1 mês de idade. Nos casos de contraindicação ao uso da azitromicina e da claritromicina, recomenda-se o sulfametoxazol + trimetropin. A eritromicina ainda poderá ser usada, porém é contraindicada para menores de 1 mês de idade e nas situações em que ocorra intolerância ou dificuldade de adesão.

Os antibióticos e suas respectivas posologias indicados para tratamento da coqueluche são os mesmos usados na sua quimioprofilaxia (Guia de Vigilância em Saúde 6ª Edição volumes 1, 2 e 3).

Ficha para notificação e investigação SINAN

Ficha de notificação Coqueluche - Sinan

Materiais Complementares

Material para leitura complementar nos arquivos em anexo.

Arquivos anexos

Centro Estadual de Vigilância em Saúde